A falta de acessibilidade para pessoas cegas em ambientes comerciais impacta diretamente na autonomia e independência desse grupo, pois nesses espaços não há recursos e ferramentas de acessibilidade que atendam as necessidades de maneira adequada. Segundo dados do último censo brasileiro realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 18,6% da população brasileira é constituída por pessoas portadoras de algum tipo de deficiência visual, cerca de 36,5 milhões de brasileiros, e desse total, 6,5 milhões possuem complicações visuais severas e 506 mil são indivíduos completamente cegos. Além disso, dentro desse grupo, as pessoas não alfabetizadas no sistema de leitura denominado Braille equivale à 1,5 milhões, sendo que isso representa uma taxa de 25% desse grupo. Com isso em vista, as Tecnologias Assistivas (TA’s) são áreas interdisciplinares focadas em promover assistência na rotina de pessoas com deficiência visual, apresentando uma variedade de soluções tecnológicas através de práticas que sirvam como ferramentas semeadoras de integração voltadas para pessoas com deficiências sensoriais, motoras ou intelectuais. Diante do exposto, o projeto UNTUK objetiva de forma geral desenvolver um protótipo acoplado em cestas ou carrinhos de mercados que facilite a experiência de compra de pessoas com deficiência visual, proporcionando maior autonomia e inclusão em ambientes comerciais. Já de forma específica, realizar um levantamento das dificuldades enfrentadas por pessoas com baixa visão ou cegas em hipermercados, a fim de embasar o design e a funcionalidade do protótipo de acordo com suas necessidades específicas. A partir disso, foi realizado o aprimoramento sobre referências consolidadoras para o projeto por meio de estudos bibliográficos, relacionando dados de artigos, notícias e fontes de dados geográficos. Com os princípios teóricos consolidados, foi iniciada a etapa de construção do protótipo, reunindo cinco componentes principais: placa Arduino que gerencia o funcionamento de todos os componentes; leitor de rádio frequência de PIN’s (Personal Identification Number); alto-falantes para emitir o som produzido por IA (inteligência artificial); PIN acoplado aos produtos para simular um leitor de código de barras; banco de dados dos produtos com as chaves de cada um dos PIN’s, que são gerenciado por uma programação em linguagem Python. O PIN acoplado aos produtos sofrem dificuldades para comunicar-se com a placa Arduino quando possuem partes metálicas, como latas de ervilhas ou caixas de suco, por possuírem papel metálico internamente. Além disso, entende-se que todos os produtos disponíveis nos mercados possuem um código de barras, com base nesse fato, a inserção de um leitor de identificador de código de barras acoplado em uma cesta ou carrinho seja necessário futuramente para o aprimoramento do protótipo, no que evitaria a necessidade de modificações nas embalagens e ajustaria a identificação dos produtos. Nesse sentido, compreendeu-se, por meio das contribuições de Roqué (2020), que as percepções humanas não são isentas dos sentidos, pautadas muitas vezes nos saberes estimulados por uma sociedade que fomenta a hegemonia visual, dado então a importância de buscar explorar de outras formas, e a partir de outros sentidos, os espaços pelos quais circulamos. Diante das informações citadas acima, o protótipo idealizado no início do projeto sofreu diversas modificações, reformulações e aprendizagens que foram de extrema importância para o funcionamento, geração de resultados positivos da pesquisa e o planejamento de melhorias futuras. Palavras-chave: Acessibilidade; Deficiência visual; Autonomia pessoal; Cesta eletrônica.