O objetivo deste projeto é explorar o potencial do bagaço de cana-de-açúcar, um subproduto agrícola e de feiras livre no nosso estado, amplamente disponível, como material base para a fabricação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), com foco em aventais térmicos para profissionais que atuam em ambientes de alta exposição ao calor, como cozinhas escolares. A proposta visa não apenas melhorar a proteção térmica oferecida por esses EPIs, mas também promover práticas sustentáveis, utilizando um material que, de outra forma, seria descartado, contribuindo assim para a economia circular e a minimização de resíduos agroindustriais. Os procedimentos incluíram a produção de placas de bagaço de cana por meio de um processo que visa garantir a uniformidade da espessura e a integridade do material, essenciais para um desempenho consistente durante os testes de inflamabilidade. As placas foram submetidas a uma série de testes rigorosos, realizados tanto na orientação vertical quanto na horizontal, para simular as condições de uso real e avaliar a resistência das placas ao fogo. Durante esses testes, as amostras foram expostas a chamas controladas, e parâmetros como a velocidade de ignição, a propagação da chama e a integridade estrutural após a queima foram cuidadosamente monitorados. Os resultados obtidos revelaram que as placas mais espessas apresentaram uma resistência superior ao fogo, com uma menor perda de massa durante a queima, o que indica uma capacidade melhorada de dissipação de calor e resistência à degradação térmica. Isso sugere que a espessura do material desempenha um papel crucial na sua performance como EPI. Além disso, os testes na orientação horizontal revelaram que a estrutura interna do material, incluindo a distribuição das fibras e a densidade do bagaço de cana, também influenciam significativamente sua resistência ao fogo, independentemente da espessura. Esses resultados são de grande importância, pois permitem otimizar o design dos EPIs para garantir uma proteção máxima, mantendo ao mesmo tempo a leveza e o conforto, características essenciais para o uso prolongado pelos trabalhadores. A importância deste estudo reside na capacidade de transformar um resíduo agroindustrial em um produto de alto valor agregado, oferecendo uma solução sustentável para a indústria de EPIs. A utilização do bagaço de cana-de-açúcar como matéria-prima não só contribui para a redução do desperdício, mas também promove a inovação no desenvolvimento de materiais que atendem às normas de segurança rigorosas exigidas para proteção contra fogo. O potencial impacto desse material é vasto, podendo ser aplicado em outros setores além do alimentício, como na construção civil, onde materiais resistentes ao fogo são de grande importância. A conclusão do estudo aponta para a fabricação de placas com uma espessura de 3 mm, que demonstraram uma excelente resistência ao fogo e estabilidade térmica. Esta espessura foi considerada ideal para equilibrar a proteção oferecida com a flexibilidade e o conforto necessários para o uso diário. A continuidade das pesquisas é essencial para aprimorar ainda mais as propriedades do material, como a resistência mecânica e a durabilidade, e para validar sua aplicação em condições reais de trabalho. A implementação bem-sucedida deste material poderia estabelecer um novo padrão para EPIs, oferecendo uma solução que é ao mesmo tempo ecológica e altamente funcional, atendendo às demandas de segurança e sustentabilidade. Palavras-chave: Bagaço de cana-de-açúcar, inflamabilidade, EPIs, sustentabilidade, proteção térmica.