Eventos climáticos extremos são caracterizados como mudanças meteorológicas de alta magnitude em comparação a outras ocorrências rotineiras. Nos últimos anos, observa-se um aumento irregular nesses eventos, gerando catástrofes naturais como inundações e enchentes. Em virtude disso, tanto municípios emergentes quanto grandes centros urbanos, sofrem ciclicamente com os danos gerados pelo avanço das águas em períodos de chuvas. Em especial aqueles que se localizam próximos ao leito do rio (zonas de ocupação ribeirinha) ou que negligenciam aspectos que compõem o planejamento urbano adequado. O município de Muçum atende ambos os aspectos degradantes de manejo de recursos hídricos. É situado no estado do Rio Grande do Sul no vale do rio Taquari, este que foi contemplado nacionalmente através de veículos midiáticos devido ao grande nível atingido pelas águas. A vazão do rio atingiu 11 metros acima da cota de inundação, recobrindo cerca de 90% da área urbanizada do município, conjuntamente a uma elevada taxa de mortalidades em relação a população do local, a qual consta com 4.601 habitantes segundo o censo do IBGE (2022). Ao deparar-se com situações que ocasionam em estados de calamidade, como inundações, desmoronamentos, falta de recursos vitais e que acometem uma população inteira, presume-se que seja de alta necessidade o investimento em pesquisas e infraestrutura. Assim, possibilitando a elaboração de medidas que atuem na melhora do planejamento e das condições de vida dos cidadãos inseridos no contexto municipal, estas que devem ser tomadas por parte dos órgãos municipais. No entanto, constatou-se que medidas que promovem os princípios do planejamento de manejo de recursos hídricos não estão estabelecidas, pois, conforme o Plano Municipal de Saneamento Básico de Muçum, a prefeitura não conta com orçamento específico para a manutenção ou investimentos, além da inexistência de planejamento em relação a ações preventivas no sistema de drenagem urbana. Com essa abordagem, a presente pesquisa, de natureza aplicada obteve como produto principal a formulação de um plano de drenagem (PMDU) e manejo de recursos pluviais englobando a resiliência a eventos climáticos extremos para o município de Muçum, em virtude dos incidentes gerados pela vazão das águas do rio Taquari em setembro de 2023 e maio de 2024. O plano aborda medidas estruturais e não estruturais (Conceituações, cálculos e estudos de macro e microdrenagem), nomeadas como conjunto solução, onde foram contempladas possíveis medidas de realocação de residências inseridas em áreas de Alto e Muito Alto risco, instalação de equipamentos como bacias de contenção, sistemas de alerta, capacitação populacional e medidas para que haja a criação de uma secretaria direcionada especificamente para o manejo de águas pluviais urbanas, contando com profissionais especializados. A pesquisa desenvolveu-se através de um estudo de caso que investigou aspectos climatológicos, históricos (Enchentes e inundações acometidas em um período de 30 anos), populacionais e topográficos da região (Tipos de solo, fragilidade ambiental e relevo). O profissional consultado, voltado para a área da Engenharia Ambiental, e coorientador para projeções topográficas, possibilitaram a elaboração de georreferenciamentos com base nos dados disponibilizados pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), para mapas que abordam a altimetria, fragilidade ambiental e simulação de inundação do local. Os resultados corroboraram para a proposta de implementação de uma minuta de lei regional acerca da obrigatoriedade dos planos de drenagem em municípios compreendidos na bacia Taquari-Antas em calamidade climática. Portanto, confere-se a hipótese inicial, acerca da possibilidade de elaboração de um PMDU para auxiliar no planejamento urbano do município de Muçum. Podendo estender a proposta a outras regiões que estejam enfrentando calamidades climáticas. Palavras-Chave: Enchentes; Plano de drenagem; Eventos climáticos extremos.