Pretende-se, neste trabalho, desenvolver um xarope orgânico, sustentável e acessível que minimize as lesões nas células esofágicas causadas pelo consumo de bebidas superaquecidas, principalmente, o chimarrão. Vale ressaltar que busca-se desenvolver com a erva-mate, uma vez que ela possui propriedades que previnem lesões nas células e possíveis efeitos cancerígenos. A justificativa para a pesquisa é que o chimarrão, uma bebida derivada da infusão da erva-mate com água quente, desempenha um papel fundamental na cultura e economia do Rio Grande do Sul. O chimarrão é tomado diariamente pela maioria da população gaúcha, e apesar da erva-mate apresentar benefícios, como ação antioxidante, anti-inflamatória, anticarcinogênica e estimulante, observa-se que não há o controle da temperatura da água em que é consumida. Essas condições podem originar diferentes tipos de lesões ao organismo, as quais apresentam-se, principalmente, na forma de carcinomas epidermóides de esôfago, um tipo de câncer. Representando riscos à saúde, faz-se um paralelo entre a maior incidência dessa doença e regiões culturalmente consumidoras do chimarrão, como o Rio Grande do Sul comparado a outras regiões brasileiras. Tendo em vista a relevância cultural e o amplo consumo dessa bebida, é necessário desenvolver medidas que contribuam para a redução dessas estatísticas e promovam a saúde da população brasileira. Para atingir os objetivos propostos, uma simulação computacional será realizada utilizando o Physicell, plataforma virtual de simulação laboratorial focada na representação de processos biológicos em gama celular, para avaliar a resposta das células lesionadas, decorrência da exposição a altas temperaturas, à compostos extraídos da erva-mate (Ilex Paraguariensis), uma vez que já foi constatado em estudos sua capacidade farmacológica, com destaque em suas propriedades anticarcinogênicas. Pesquisas destacam dois principais mecanismos utilizados pela erva-mate para o combate ao câncer, entre eles estão a ativação de fatores pró-apoptóticos a partir de compostos como ácidos cafeoilquínicos, e a regularização da proliferação celular devido a diminuição de um fator inflamatório, consequência de demais compostos presentes na erva. A partir dos dados coletados na simulação, será possível observar comportamento celular em condições estressantes e os componentes da erva-mate serão escolhidos para a criação de um xarope que auxilie na prevenção e na cicatrização de lesões esofágicas causadas pelo contato da mucosa com líquidos em alta temperatura. Posteriormente, será feito a extração dos componentes da Ilex Paraguariensis necessários para criação do produto em ambiente laboratorial, combinados com outros ingredientes, como estabilizantes, conservantes e edulcorantes. A partir da definição dos objetivos e da metodologia espera-se que a partir da erva-mate seja possível desenvolver um xarope com o objetivo de reduzir as lesões térmicas, o que poderia contribuir significativamente para a prevenção de doenças mais graves decorrentes da exposição do esôfago a temperaturas elevadas. Pressupõe-se que grande parte da população consuma chimarrão com água quente fora da temperatura máxima recomendada pela ONU, desconhecendo os potenciais malefícios decorrentes dessa prática frequente e prolongada. Também, acredita-se que a água quente provoque lesões na mucosa esofágica, aumentando assim a vulnerabilidade a doenças como o câncer de esôfago, caso não seja adequadamente prevenida e tratada. Ressalta-se que o projeto ainda está em desenvolvimento e sua finalização está prevista para outubro. Palavras-chave: Ilex Paraguariensis, carcinogênese, chimarrão, xarope, lesão térmica.