A entrada e a permanência nas universidades brasileiras, muitas vezes, são acompanhadas da ilusória ideia de meritocracia. Entretanto, num país desigual e racista como o Brasil, essa ideia é insustentável. Para termos ideia, dados do Censo de Educação Superior de 2019, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostraram que o Brasil tem mais de 8,6 milhões de pessoas matriculadas em instituições de ensino superior, mas apenas 613 mil se declararam pretas, o que corresponde a 7,12% do total. Diante do cenário, é indispensável que problematizemos o discurso de meritocracia que, às vezes, é veiculado pela grande mídia em detrimento de cobrar mudanças e políticas públicas eficientes de acesso e permanência. Dentre os brasileiros que enfrentaram adversidades em busca do sonho de ingressar no ensino superior, está Matheus Araújo Moreira, jovem negro e morador de uma comunidade quilombola de Feira de Santana, que foi aprovado para cursar medicina na Universidade Federal do Recôncavo. Após a aprovação, ele teve sua trajetória retratada e revestida de mérito individual, fortalecendo a ideia de que somos responsáveis pelas desigualdades que nos assolam, como se não devêssemos cobrar mudanças estruturais na sociedade, como se bastasse o esforço pessoal para superarmos todos os entraves que, historicamente, o país enfrenta. Sendo assim, discorremos criticamente sobre o caso de Matheus Araújo. Nesse percurso, analisamos reportagens e notícias para explicar como a meritocracia foi construída, ao passo que a desigualdade social foi invisibilizada. Levamos em consideração variáveis como gênero, raça e classe, destacando como problemas históricos impactam na sociedade atual. Utilizamos ainda o tabuleiro de Galton, com o objetivo de desmistificar e contextualizar a realidade onde Matheus Araújo está inserido. Relacionamos os resultados da nossa investigação aos diagnósticos oficiais sobre desigualdade social, racismo, acesso e a permanecia no ensino superior no Brasil, utilizamos dados do relatório do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragens de Domicílios Contínua), de 2019, e do Censo de Educação Superior de 2019, realizado pelo Instituto Nacional De Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Além dos estudos que giram em torno da atuação da grande mídia na sociedade, dialogamos, sobretudo, com alguns autores que se preocupam em esmiuçar a meritocracia e suas repercussões. Entre eles, Zilda Martins, mestra e doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que desenvolveu o estudo “Cotas raciais e o discurso da mídia: um estudo sobre a construção do dissenso” (2018), com o objetivo de refletir sobre a postura da mídia frente à política de cotas, uma conquista que significou muito para a população negra do país, tendo em vista os nossos mais de 300 anos de escravidão. Michael J. Sandel, filósofo, político norte-americano e professor da Universidade de Harvard, no livro “A tirania do Mérito, o que aconteceu com o bem comum? ” (2020), discute a falsa perfeição que a meritocracia incita com o seu discurso, onde é atrativo se referir às conquistas como forma de mérito individual. Além de Sandel, outra obra que foi indispensável para nossa análise foi “A cilada da meritocracia” (2021), de Daniel Markovits, professor na Escola de Direito de Yale. Markovits destaca as problemáticas agregadas ao sistema meritocrático e suas consequências em um mundo submerso de desigualdades, como o que vivemos hoje. Esperamos com isso auxiliar na produção de insumos para fortalecer a Lei de Cotas, sancionada em 2012, sobretudo nesse momento em que ela está prestes a completar dez anos e passará por uma revisão. Além do relatório que sistematizamos, pretendemos produzir, numa etapa futura da pesquisa, um documentário que traga uma narrativa contra hegemônica sobre pessoas que enfrentaram dificuldades para acessar e permanecer no ensino superior.
Excelente pesquisa, muito bem escrito. Parabéns as estudantes e orientadora.
Achei uma maravilha, mostra a diferença do nosso futuro, parabéns meninas.
Tema importantíssimo e essencial para o avanço da educação e redução de desigualdades!
Tema de suma importância e pesquisa bem conduzida, Parabéns aos envolvidos no projeto!
Parabéns Beatriz e Bruna,este projeto mostra uma visão crítica
e real da atu educação brasileira.
perfeitas!! o projeto está incrível
Parabéns bruna
Parabéns,a todos paticipantes, Excelente Pesquisa.
Parabéns! ótima e importante pesquisa
Muito bom
Muito interessante
Parabéns pelo projeto! Muito importante trazer essa discussão tão necessária!
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Excelente tema abordado. As meninas conseguem transmitir leveza ao explicar, mas ao mesmo tempo, chamam o leitor para a realidade de um problema existente de séculos, mas que é esquecido socialmente pelas mídias. Esse tema certamente é o retrato de muito estudante cotista por aí.
Parabéns as estudantes e orientadora!
Muito bem escrito
Parabéns Beatriz e Bruna pela excelente pesquisa! Um olhar crítico sobre o tema. Continuem perseverando nos estudos. Viva a ciência!
Parabenizo a ambas pela abordagem desse tema tão necessário à sociedade como um todo.