Objetivo geral: Analisar os impactos dos desdobramentos do estado de pandemia para as comunidades do Vale do Ribeira e de que forma as desigualdades foram agravadas. Objetivos específicos: – caracterizar as comunidades do Vale do Ribeira frente aos aspectos socioeconômicos e suas singularidades; – acompanhar e listar as decisões das esferas governamentais frente aos aspectos vacinação SARS-COV2 e número de mortes causadas pelo mesmo vírus; – analisar diferentes fontes bibliográficas de informação e opinião quanto a condução da pandemia; – diagnosticar as incursões regionais advindas da gestão governamental da pandemia e como refletiu. Metodologia: A pesquisa se fundamentará em uma análise bibliográfica e documental, partindo de discussões conceituais a respeito de necropolítica e de artigos científicos recentes a respeito do impacto da Covid-19 no cenário nacional, assim como de dados públicos a respeito, disponíveis em plataformas do governo como “SP contra o novo coronavírus”. Serão utilizados dados dos últimos dois anos (2020-2022), artigos que corroboram com a proposta do trabalho que estejam disponíveis nas bases de dados como “Scielo” e “Periódicos CAPES”. Resultados Aproximadamente 163 milhões de brasileiros dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) para atendimentos médicos e em um contexto de pandemia, no pico dos casos de COVID-19, houve sobrecarga. A Constituição de 1988, no artigo 196 diz que A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988, s.p.). O período da pandemia no Brasil escancarou as dificuldades ou disponibilidade inadequada no acesso aos serviços de saúde pública, determinando mais um fator agravante de desigualdade social (SOUZA, 2020). Adicionalmente, a população de baixa renda teve maior exposição ao vírus por utilizar transporte coletivo e possuir menor poder aquisitivo para manutenção de insumos preventivos a contaminação, como álcool gel e máscaras. Justamente a região do Vale do Ribeira possui o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) menor que a média para o estado de São Paulo. Estima-se que 8,0% da população viva em situação de extrema pobreza (ONU,2020). Conclusão As tomadas de decisão governamentais no papel de campanhas e políticas públicas são definitivas perante a crise sanitária, humanitária e social que a pandemia de COVID-19 instaurou e/ou agravou na região do Vale do Ribeira. A COVID-19 pode matar qualquer pessoa, porém o capitalismo com sua lógica neoliberal e com os resquícios da colonização ainda hoje, evidenciam grupos sociais específicos mais do que outros, sobretudo as pessoas negras que são as mais afetadas nesse cenário. O conceito de necropolítica surge nesse contexto: a má gestão da pandemia por parte do governo federal que deu escopo para os corpos viverem e morrerem. Mbembe filósofo camaronês, ficou conhecido por ter cunhado o conceito “necropolítica” esse termo para ele representa a segregação dos segmentos sociais que regulamenta e regulariza a gestão sobre as vidas, ou seja, quem vive e quem morre, como viverá e como morrerá. Em uma entrevista em 2020, Mbembe diz que “o sistema capitalista é baseado na distribuição desigual da oportunidade de viver e de morrer. Essa lógica do sacrifício sempre esteve no coração do neoliberalismo, que deveríamos chamar de necroliberalismo. Esse sistema sempre operou com a ideia de que alguém vale mais do que os outros. Quem não tem valor pode ser descartado” (BERCITO, 2020). Alinhado a essa afirmação, vale ressaltar os grupos vulnerabilizados pelo COVID-19. Olhar para a pandemia apenas pelo viés sanitário seria mais uma forma de negligenciar à realidade, pois a pandemia não afetou todos da mesma forma, e é isto que esta pesquisa vem explorar. Palavras-chave: Necropolítica, Coronavírus, Vale do Ribeira.