Introdução: Pessoas com síndromes ou deficiências precisam vencer obstáculos relativos à não aceitação e à exclusão social. Nem todos estão dispostos a escutar as diferentes narrativas de vida a fim de compreender o universo alheio que se apresenta. Possivelmente, este sCategoria EJA um dos maiores desafios da modernidade. Pessoas com Síndrome de Down (SD) – uma condição genética causada pela presença de três cromossomos 21 – apresentam características físicas que costumam “chamar a atenção” da coletividade por onde passam, o que muitas vezes resulta em formulações de pré-conceitos e os afasta de um diálogo por conta de estranhamentos. Haja vista a relevância de se abrir espaço para ouvir e conhecer o outro, em especial, jovens e adultos com SD, decidiu-se por promover um documentário, a partir do qual se vivenciou pela palavra o mundo ainda oculto da SD. Assim, intenciona-se transpor as “barreiras” ao diálogo e incluir os diferentes por meio da ciência. Objetivo: Interpretar as narrativas de pessoas com SD, a fim de compartilhar suas experiências de mundo, assim, desconstruindo pré-concepções sobre essas. Métodos: Trata-se de uma pesquisa narrativa, efetuada com pessoas com SD, na Associação Legato, em Canoas/RS, no mês de junho de 2023. Foi realizada uma entrevista semi-estruturada com oito perguntas abertas sobre tarefas do cotidiano, preferências, sonhos e sentimentos. A entrevista foi filmada e as respostas, logo após término das gravações, foram transcritas e agrupadas em uma tabela para classificação de acordo com o que havia de comum entre elas. Resultados: Participaram da pesquisa dez pessoas com SD. Dentre elas, oito são do sexo feminino e duas, do masculino. Dos 10 entrevistados, 8 moram com familiares. Todos, quando questionamos sobre suas amizades, relataram que seus amigos são do grupo familiar ou da Associação Legato. Sete destacaram que gostam de realizar atividades artísticas (como música, dança, canto); cinco, praticar esportes; três, executar tarefas de casa. Dos cinco questionados sobre se sentirem dissemelhantes de outras pessoas, três indicaram que se percebem diferentes, porém, entendem isso como positivo. Dois participantes, durante a conversa, informaram que já sofreram ofensas ou receberam apelidos pejorativos. Por fim, ao contarem sobre seus sonhos, 3 disseram desCategoria EJAr constituir família, 4 pretenderem ser artistas, 3 almCategoria EJAm cursar uma faculdade e 1 preferir auxiliar a família. Conclusões: Pessoas com SD têm os mesmos gostos e sonhos que outros sem essa condição, sendo-lhes delegadas atividades de baixa complexidade. Sobre seus vínculos afetivos, destacam a importância da família e dos amigos da Legato, restando, no entanto, notável seu afastamento social de outros públicos. Quando se percebem diferentes, não encaram como algo negativo, entendendo a dessemelhança como necessária e capaz de os tornar únicos. Um documentário vem sendo desenvolvido com o intuito de divulgar essas narrativas. É preciso ainda aprender com as diferenças, não julgar pela aparência e sim perceber que o “outro” é um universo a ser descoberto.