A busca por alimentos orgânicos tem se tornado mais frequente, tendo em vista que a utilização de agrotóxicos nas plantações pode ser de fato prejudicial para a saúde humana. Pensando nisso, na edição anterior este grupo desenvolveu um estudo com o objetivo de catalogar os principais problemas causados pelo consumo excessivo de agrotóxicos. No entanto, a necessidade de apresentar uma solução eficaz para o problema levou ao desenvolvimento deste projeto, que tratou dos chamados Ácaros Predadores. Nesse sentido, a pesquisa desenvolvida por alunas do 9º ano da EMEF Arnaldo José Diel, visa apresentar o que são e quais os tipos existentes de ácaros predadores; entender como eles eliminam as pragas indesejáveis; apontar os prós e contras da utilização desta alternativa; explicar como esta técnica influencia no cotidiano dos agricultores (de maneira econômica e social); compreender como este método pode ser aplicado de maneira positiva em nossa região; e divulgar a eficácia da utilização dos ácaros predadores. A metodologia do estudo baseou-se em uma revisão bibliográfica e uma visita ao Laboratório de Acarologia da Univates, na qual o professor Noeli Juarez Ferla, junto com sua equipe, explicou mais sobre o seu trabalho. Ao fazer a entrevista com o professor Ferla, este relatou que na Univates eles trabalham principalmente com empresas, pois se estas possuem algum problema com as plantações, trazem uma amostra da planta atacada ao laboratório, onde os estudantes a analisam e buscam uma solução. Quando iniciou seus estudos, ainda era recente o “movimento contra pesticidas” aqui no RS, por muitas pessoas desconsiderarem a importância do assunto ou não acreditarem que pode-se combater um ácaro “mal” com um ácaro “bom”. Entretanto, por meio de suas pesquisas, comprovou a eficácia deste método e com o apoio da Univates começou a fornecer gratuitamente ácaros predadores aos agricultores. Por fim, explicou que ao entregar estes agentes, a equipe ensina como deve ser a utilização e ressalta que não deve ser feito o uso de agrotóxicos pois os predadores já são o suficiente para estabilizar o número de ácaros “maus”. Como resultado dos demais objetivos, o estudo mostrou que o uso de ácaros predadores tem sido impulsionado por conta da inofensibilidade ao aplicador, meio ambiente e consumidor final; ausência da espera entre a aplicação e a colheita; e por conta da rapidez e praticidade do método (POLETTI et al., 2010). Os ácaros predadores, conhecidos como “ácaros do bem”, são artrópodes da família Phytoseiidae que é constituída por mais de 30 mil espécies, sendo as principais: Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis. Eles vêm se mostrando eficazes quando se trata do controle biológico de ácaros-praga. Obtidos em ambientes nos quais existem fontes de alimento, como pólen de plantas e ácaros-praga (onde o ácaro predador apoia-se nos apêndices de sua presa e suga suas entranhas, podendo comer de 10 a 20 ovos ou presas adultas), essa técnica de controle biológico possui muitas vantagens como, por exemplo, a ausência da necessidade da utilização do EPI (equipamento de proteção individual) e a redução nos gastos com agrotóxicos. Para se obter sucesso no uso, é preciso os três indivíduos: planta, ácaro-praga e ácaro predador, para formar uma cadeia alimentar, onde todo ser vivo tem o seu inimigo natural, controlando a difusão de sua presa. Logo, a chave para um bom acervo de espécies de ácaros predadores, um bom controle de pragas e a preservação dos ecossistemas é manter o ambiente em equilíbrio. Tratando-se dos agricultores, ainda é grande a falta de informação e credibilidade do assunto. Acreditamos que em um futuro não tão distante (com o aumento do debate sobre sustentabilidade) o uso de métodos como os ácaros predadores sCategoria EJA uma realidade presente de forma significativa na agricultura brasileira, proporcionando assim, alimentos mais saudáveis e sustentáveis aos consumidores e qualidade de vida aos agricultores.