Acolher bebês em sua primeira experiência em ambiente coletivo escolar habitualmente mostra-se como um grande desafio. Ao acolher bebês nascidos durante uma pandemia, fez-se necessário considerar que suas relações e interações foram consideravelmente reduzidas durante o período pandêmico. Desta maneira, é fundamental que o período de transição casa-escola seja planejado e realizado a partir de ações que consideram o respeito à criança e às famílias para que, assim, sintam-se seguros e confiantes com os professores e o espaço escolar, favorecendo a adaptação no ambiente coletivo. Entretanto, segundo Emmi Pikler, “as iniciativas dos bebês e das crianças são, usualmente, suprimidas ou sufocadas. A nossa atitude em privar a criança da própria iniciativa sob o pretexto de ajudar ou ensinar, deve ser revista.” Bebês conhecem métodos científicos através do brincar livre e espontâneo. Observam, formulam hipóteses, realizam experimentos, analisam dados, reportam suas descobertas e replicam seus resultados. Escolhem, agem, interagem e se comunicam antes mesmo de dominarem o uso da linguagem oral e das palavras. Precisam de tempo e espaço para suas investigações, além das relações, dos cuidados, da presença atenta, da oferta de um ambiente seguro e acolhedor para que possam conhecer seu corpo, suas possibilidades, seus interesses e escolhas e desenvolvam seu próprio repertório de experiências. Assim, o presente trabalho relata alguns momentos investigativos dos bebês em seu período de adaptação escolar no retorno das atividades semipresenciais.