Socorristas resgatistas regularmente colocam sua integridade física em risco, podendo, em alguns casos, ir a óbito. Em julho de 2021, dois bombeiros desapareceram enquanto faziam o combate às chamas no incêndio do prédio da Secretaria de Segurança Pública em Porto Alegre. A falta de equipamentos e a dificuldade dos cães farejadores em encontrar o rastro dos corpos resultaram no retardamento da procura pelos desaparecidos. Além da mobilização de recursos do estado para logística, hospedagem e alimentação dos profissionais, a extensa duração das buscas também causou intenso desgaste físico e emocional aos envolvidos. Portanto, o propósito desta pesquisa é desenvolver um dispositivo que auxilie na localização de socorristas resgatistas dentro de estruturas colapsadas, sinalizando a proximidade com o bombeiro desaparecido por meio do indicador de intensidade do sinal recebido (RSSI). Para isso, a pesquisa foi dividida em seis etapas: entendimento e aproximação com o contexto; estudo e escolha das tecnologias compatíveis; desenvolvimento dos protótipos; testes de capacidade e limitações; análise dos resultados; definição dos próximos passos. Foram confeccionados dois protótipos, denominados “receptor” e “transmissor”, utilizando unidades de controle programáveis conectadas a rádios inteligentes (módulos LoRa). O transmissor envia um sinal de rádio periodicamente ao receptor e, através desse sinal, é obtido o indicador de intensidade de sinal recebido. A variação desse indicador é interpretada pelo software e, com isso, infere-se uma faixa de distância entre os dois dispositivos – representando a distância entre o bombeiro desaparecido e o bombeiro que o procura – sinalizada por indicadores visual e sonoro (LED e buzzer). A etapa de testes de capacidade e limitações foi realizada em dois cenários: em linha reta, horizontalmente e sem obstáculos (para observar inicialmente a variação do RSSI) e entre andares de um edifício (para simular a situação da estrutura como obstáculo para o sinal). No primeiro teste, o valor do RSSI variou entre -27 e -67 de 1 a 30 metros de distância, diminuindo conforme a distância aumentava. No segundo teste, o valor do RSSI variou entre -66 e -102 de 1 a 9 andares de distância, indicando que a inclusão de obstáculos entre os protótipos diminui a intensidade do sinal. A partir de seis andares de distância, o RSSI chegou ao seu limite negativo próximo a -100 e se manteve constante, mesmo quando a distância aumentava. Com base nesses testes, concluiu-se que é possível sinalizar uma faixa de distância entre os dois dispositivos pelo indicador de intensidade de sinal recebido e que estruturas entre os dispositivos não impedem a transmissão e recepção do sinal, mas diminuem significativamente o valor de RSSI, limitando a percepção de distâncias maiores. A aproximação e o afastamento dos protótipos gerou variação suficiente do RSSI para que o sinalizador indicasse a mudança da faixa de distância entre eles. Para melhorar a precisão utilizou-se a média aritmética dos valores recebidos em um curto período de tempo antes de sinalizar. Ao terminar a etapa de testes e viabilizar um encapsulamento inicial para a usabilidade dos protótipos, apresentou-se os dispositivos para serem avaliados pelos bombeiros. Nessa avaliação, os resgatistas aprovaram os protótipos e atestaram a importância de um equipamento como esse para precaução e complemento em suas atividades de resgate. A escolha das tecnologias para a pesquisa se mostrou adequada e satisfatória para o desenvolvimento dos protótipos, assim como para os testes e para as possibilidades de aperfeiçoamento, constatando que o objetivo da pesquisa foi alcançado. Os próximos passos constituem-se por monitorar o nível da bateria e indicar ao usuário, incluir sensores como acelerômetro e estudar a possibilidade de melhorar a geolocalização aproximada através da determinação de posições trilaterais. Palavras-chave: Bombeiros, localização, rádio, distância.