A Astronomia é possivelmente a primeira Ciência da Humanidade. A observação dos astros nos permite marcar o tempo, gerando uma conexão única entre os seres humanos e a esfera celeste. Ao longo dos milênios, muito conhecimento sobre o tema foi sendo acumulado, por exemplo, sobre em qual época do ano ou do mês (por causa da luz da Lua) devia-se plantar uma semente, sobre os melhores dias para caçar, pescar ou para realizar eventos sociais. No entanto, ao mesmo tempo foram sendo construídos mitos em torno desta relação; e por fim nos últimos séculoas a evolução tecnológica desconectou nosso dia a dia da necessidade constante de observação do céu, e até mesmo a tornou difícil nos grandes centros por conta da poluição luminosa. Como consequência, apesar do céu nos fascinar, hoje a maioria das pessoas têm dificuldades de entender o que há de real e o que é imaginário na nossa relação com os corpos celestes. Isso abre espaço para pseudociências como a Astrologia propagarem ideias falsas que ao longo prazo vão prejudicando a relação das pessoas com a Ciência em si. Além disso, uma pesquisa prévia nos mostrou o quanto era difícil encontrar informações confiáveis sobre o tema, tendo a maior parte das buscas resultado em pseudociência. Neste cenário, nosso trabalho nasce da observação empírica do interesse genuíno do público geral por assuntos ligados à Astronomia (observçaão que fizemos ao longo de um ano de trabalho na realização de noites de observação do céu na nossa comunidade) aliada à falta de conhecimento sobre as reais influências dos astros sobre nossas vidas. O estudo proposto foi dividido em duas partes. Na primeira, foi feita uma pesquisa para levantar as principais crenças sobre os astros e nossa vida, dividindo-as de acordo com sua especificidade entre meio ambiente, pessoal e social. Na segunda etapa, cada uma das afirmações foi analisada à luz da Ciência, sendo classificada como mito ou verdade, além de se investigar sua origem. Verificamos que a maior parte dos mitos se encontrava na esfera pessoal, ou seja, na crença (infundada) de que os astros poderiam influenciar diretamente na nossa vida individual, como nosso comportamento ou personalidade. No entanto, ficou evidente a importância dos astros na nossa organização coletiva, principalmente no tocante aos ciclos biológicos e nossa relação com a natureza. Além disso, eles influenciam a forma como nos relacionamos em sociedade, uma vez que nossos momentos de confraternização tem raízes na época em que as fases da Lua e as estações do ano eram cruciais para a realização de eventos por conta da iluminação. Os resultados obtidos foram compilados como cartas informativas e organizados em um site, com o objetivo de proporcionar às pessoas interessadas no tema um ambiente confiável e com todas as informações concentradas – algo que não encontramos antes. Nossa pesquisa mostrou que nossa relação com os astros é profunda e interessante de verdade, não sendo necessário recorrer a falácias para ser considerada incrível.