Em 2013 ocorreu um dos maiores incêndios da história da cidade gaúcha de Santa Maria. Naquela noite de janeiro, na Boate Kiss, mais de 200 vidas foram perdidas na Boate para as chamas que conseguiram se propagar rapidamente pelo revestimento de poliuretano do local. Além de acelerar a propagação do fogo, este polímero também liberou gases tóxicos, como o gás cianídrico e o monóxido de carbono que, juntamente com as chamas, foram grandes responsáveis pelas perdas naquela ocasião. Alguns anos após a tragédia, em 2019, foi proibido o uso do poliuretano em casas de shows, locais esportivos e dormitórios coletivos, aumentando assim a busca por outros isolantes acústicos aplicáveis. Ademais, isolantes térmicos diminuem o consumo de energia mundial, visto que o resfriamento e aquecimento de ambientes demanda muita energia. Tendo isto em vista, o presente trabalho visa desenvolver um aerogel a partir dos resíduos de erva-mate para isolamento térmico e acústico. O aerogel é um sólido composto por pequenas partículas interligadas e que possui uma estrutura altamente porosa, além de apresentar baixa densidade, baixa condutividade térmica e alta absortividade sonora. A erva-mate é um produto consumido e fabricado majoritariamente no sul do Brasil, e tem seu resíduo, sobretudo, utilizado como combustível para caldeiras. O estudo sobre a utilização da celulose proveniente de resíduos agrícolas na fabricação de aerogéis está sendo cada vez mais difundido, visto que este material possui propriedades altamente aplicáveis, porém pouco investigadas. Para realização do projeto foram utilizados os palitos de madeira da erva-mate, que são resíduos da última etapa do beneficiamento do produto. Estes foram primeiramente fragmentados e peneirados. Sequencialmente as fibras foram tratadas com NaOH e H₂O₂ para obter a celulose pura. Para a produção do gel foi utilizado acetato de polivinila (PVAc), glutaraldeído como reticulador do processo e as fibras. A fim de que o líquido se transformasse no aerogel sólido e poroso, realizou-se processo de liofilização. Como resultado foram encontrados aerogéis com densidades entre 0,7g/cm³ e 1g/cm³ e porosidades em torno de 50%, além de uma dureza média. Visando aumentar a porosidade dos aerogéis, produziu-se amostras com álcool polivinílico (PVA), glutaraldeído e as fibras. Como resultado, obteve-se aerogéis com porosidade de em torno de 80%, além de densidade de 0,2g/cm³, o que indica maior reticulação da cadeia polimérica. Ambos apresentaram baixa condutividade térmica, o que comprova suas propriedades isolantes. Quanto ao teste de chama, as amostras feitas com PVAc são auto extinguíveis, já as elaboradas com PVA apresentam uma propagação, mesmo que mínima e logo carbonizam. Os testes acústicos ainda serão realizados, porém concluiu-se que o aerogel fabricado com resíduos de erva-mate possui propriedade de isolamento térmico e, portanto, mais pesquisas acerca dos aerogéis devem ser conduzidas a fim de promover maiores aplicações para este e difundir os estudos acerca deste material inovador. Palavras-chave: Aerogel; Erva-mate; Celulose