A pesquisa teve como foco a planta medicinal Arrabidaea chica, comumente conhecida como Crajiru ou Pariri. Esta planta tem sido usada por comunidades indígenas e locais na América do Sul por séculos devido às suas propriedades medicinais, principalmente como um agente de cicatrizante e anti-inflamatório. Para validar seu uso histórico e explorar possíveis aplicações contemporâneas, o estudo propôs uma análise detalhada das propriedades físico-químicas e atividades biológicas in vitro dessa planta. O primeiro passo foi compreender a influência dos métodos de extração nos compostos bioativos da Arrabidaea chica. Diferentes técnicas de extração podem levar à obtenção de compostos variados, que consequentemente, têm potenciais terapêuticos distintos. A hipótese central da pesquisa era que a planta continha compostos específicos que promoviam a cicatrização e possuíam propriedades anti-inflamatórias. O estudo de Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier, a análise de FTIR ofereceu insights valiosos sobre os componentes presentes nos extratos. No espectro, notou-se a presença de grupos hidroxila (OH) na faixa de 3200-3600 cm⁻¹, indicativos de flavonoides. Estes compostos polifenólicos são conhecidos por suas vastas propriedades medicinais, como antioxidantes e anti-inflamatórias. Além disso, ligações de alcenos foram identificadas na faixa de 1600-1680 cm⁻¹, sugerindo a presença de terpenos e triterpenos, famosos por suas propriedades anti-inflamatórias e antitumorais. A faixa de 1750 cm⁻¹, sugestiva da presença de ésteres, apontou para a possível presença de saponinas, que são conhecidas não só por suas propriedades antivirais e antimicrobianas, mas também por sua capacidade de promover a cicatrização. A Cromatografia em Camada Delgada (CCD) também foi aplicada. Este método revelou propriedades específicas dos extratos, dependendo dos solventes e reveladores utilizados. Por outro lado, com acetato de etila e metanol, o extrato oleoso mostrou uma mancha azulada escura. Quando acetato de etila e metanol foram usados isoladamente, o extrato oleoso e o extrato glicerol apresentaram manchas distintas, enquanto o hidroalcoólico não produziu resultados detectáveis sob as condições testadas. Partindo para as testagens biológicas, usando as linhagens celulares A31 e SVT2 como modelo, a pesquisa avaliou o impacto dos extratos da planta na viabilidade celular e no processo de cicatrização. O ensaio de MTT, um teste padrão para avaliação de citotoxicidade, foi empregado para investigar possíveis efeitos tóxicos dos extratos sobre as células. Esta etapa era crucial, pois um potente agente de cicatrização não deveria ser prejudicial para as células envolvidas no processo de reparo tecidual. Por outro lado, o ensaio de cicatrização in vitro foi utilizado para observar como os extratos influenciavam a migração e a proliferação celular, etapas fundamentais para uma cicatrização eficaz. foram os resultados revelaram uma dicotomia interessante: enquanto os extratos oleoso e em glicerol incentivaram a migração celular, que é crucial para a formação de novos tecidos, um extrato em particular, o hidroalcoólico, apresentou significativa citotoxicidade para uma linhagem celular específica. Estas descobertas sublinham a importância de compreender profundamente os componentes bioativos presentes na planta e as interações celulares envolvidas, para que se possa aproveitar plenamente seus benefícios terapêuticos. Ao mesmo tempo, destaca-se a necessidade de cautela e estudos adicionais para garantir que esses extratos sejam seguros para uso em terapias futuras.