Pretende-se, neste trabalho, avaliar o processo de degradação de máscaras descartáveis no ambiente marítimo utilizando espectrometria de infravermelho (FTIR) e microscopia eletrônica de varredura (MEV), além de entender como ocorre a biomagnificação dos microplásticos nos animais marinhos, que acontece quando ocorre uma crescente concentração de um contaminante ao longo dos níveis tróficos da cadeia alimentar, e analisar as consequências dos microplásticos na saúde humana. A pesquisa justifica-se devido à pandemia da COVID-19, que aumentou significativamente o uso e consequentemente o descarte de máscaras feitas de material plástico, sendo estimado que 1,56 bilhão de máscaras acabaram no oceano somente no ano de 2020 e, uma máscara libera entre 0,88 milhão e 1,17 milhão de microplásticos durante sua decomposição completa. As máscaras cirúrgicas são compostas por três ou quatro camadas de polímero fundido e quando são descartadas de forma incorreta, esses polímeros liberam microplásticos que, ao sofrerem o processo de intemperismo, acabam por prejudicar a vida marinha, a saúde humana e os ecossistemas, pois passam a pertencê-lo. Ademais, essas partículas se relacionam a causas e agravamentos de doenças desenvolvidas como problemas cardiovasculares e do trato respiratório. Isso acontece por conta da biomagnificação e bioacumulação, pois os microplásticos são confundidos com alimento pela maioria dos animais e acabam sendo inseridos na teia alimentar marinha. Assim, a partir da alimentação de seres vivos contaminados com microplásticos, contato dérmico e até a partir da inspiração, os seres humanos são expostos às partículas de microplásticos. Há estudos que apontam que essas partículas já se encontram no corpo humano, como no sangue, no sistema digestório e até na placenta, mas ainda não se conhecem as consequências desse fato. Para atingir os objetivos propostos foram realizadas pesquisas bibliográficas em sites e artigos científicos encontrados no Google Acadêmico e no PubMed utilizando as palavras chaves contaminação, microplásticos, máscaras, análises laboratoriais e biomagnificação. Além disso, um experimento encontra-se em desenvolvimento com o objetivo de simular o processo de degradação das máscaras no ambiente marítimo. Foram utilizados dois béqueres, contendo uma máscara cirúrgica tripla feita com o tecido TNT, em que o primeiro foi preenchido por 200 mL da solução Phosphate buffered saline e o segundo béquer foi preenchido por 300 mL água do litoral gaúcho. A solução contida nos béqueres, bem como as máscaras, serão levadas para o Laboratório Central de Microscopia e Microanálise (LabCEMM) da PUCRS para serem analisadas com os equipamentos de FTIR e MEV, buscando-se analisar os compostos que foram formados nas soluções e quantificar o processo de degradação de máscaras. Espera-se que sejam encontrados hidrocarbonetos alcenos, ou seja, uma ligação dupla entre carbono (C=C) na análise, visto que, o composto polipropileno é um dos principais componentes das máscaras descartáveis e essa ligação faz parte de sua composição. Além disso, presume-se que a máscara contida na solução PBS sofra degradação em maior quantidade em um menor intervalo de tempo, apresentando uma maior quantidade de microplásticos. Ressalta-se que o projeto ainda está em desenvolvimento e sua finalização está prevista para outubro.