Palavras-chave: surdez; vibração; música; eletrônica; áudio. A música desempenha um papel significativo na vida das pessoas, abrangendo diversos propósitos, como relaxamento, concentração e entretenimento. No entanto, a experiência musical pode ser limitada ou até mesmo inacessível para pessoas com deficiência auditiva. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até o ano de 2050, 900 milhões de pessoas podem desenvolver surdez e além disso, consta no Censo de 2010 que cerca de 7,5 milhões de brasileiros possuem alguma dificuldade para ouvir. Uma das maneiras que as pessoas com deficiência auditiva experienciam a música é por meio de vibrações (Zanini, 2021). Pessoas que possuem perda auditiva, seja parcial ou total, acabam se tornando mais sensíveis a vibrações, isso porque o cérebro possui uma propriedade chamada neuroplasticidade, que permite que o cérebro altere as propriedades fisiológicas em resposta a mudanças no ambiente. Na ausência do som, a parte do sistema auditivo acaba ganhando um novo propósito e começa a interpretar os sinais de outros sentidos, como o tato (Chermak, Bellis & Musie, 2014). Porém, mesmo com uma percepção mais apurada das vibrações, nem sempre essas pessoas conseguem sentir e interpretar as vibrações vindas dos aparelhos de áudio a partir de músicas, pois as vibrações geradas por esses aparelhos podem não ser intensas o suficiente. Este projeto tem como objetivo oferecer uma experiência musical a pessoas com deficiência auditiva por meio de um dispositivo capaz de transmitir vibrações no ritmo da música. Para alcançar este objetivo, foi projetado um circuito eletrônico que recebe um sinal de áudio e aplica um filtro passa-baixa para eliminar componentes de alta frequência, pois, o ritmo da música se encontra nas baixas frequências. Após o filtro, o sinal passa por um comparador, o qual transforma este sinal em pulsos quadrados e então, por um driver de potência, aplica-se este sinal a um motor com eixo excêntrico, que, ao ser acionado, gera vibrações. Como o sinal aplicado ao motor está correlacionado com a música, o motor transmite o ritmo variando a intensidade das vibrações. O motor fica acoplado ao pulso do usuário e é conectado ao circuito através de um cabo. Todo o circuito é alimentado por uma bateria de lítio íon. Para abrigar o circuito e bateria, foi desenvolvida uma caixa e para o motor foi desenvolvido uma pulseira, ambos feitos em impressora 3D. Este protótipo foi apresentado a seis voluntários com surdez. Para esta demonstração, foram aplicadas cinco músicas, três delas com graves mais aparentes. O intuito dessa aplicação foi coletar mais informações sobre o desempenho do dispositivo e também o impacto que causou àquela pessoa surda. Entre os seis voluntários que realizaram os testes, cinco deles descreveram que foi possível perceber os diferentes padrões de vibrações e ritmos entre as músicas apresentadas. Também foi relatado que gostariam de escolher a posição do dispositivo junto ao corpo. Portanto, conclui-se que foi possível auxiliar pessoas com deficiência auditiva a sentirem o ritmo da música a partir das vibrações emitidas pelo dispositivo. Como perspectivas futuras, pretende-se adaptar o protótipo para que o usuário possa escolher a região do corpo em que vai utilizar. Referente a conectividade do dispositivo, planeja-se implementar um módulo Bluetooth para transmitir os sinais de áudio. Também pretende-se fazer testes e obter opiniões de mais pessoas com deficiência auditiva após as novas melhorias do protótipo.