A partir da análise do caso da retirada da estátua de Arthur da Costa e Silva, em 2014, após a publicação do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, CNV, e da existência do Museu Casa Costa e Silva em Taquari/RS, buscou-se compreender as disputas pela memória da ditadura militar na cidade. Desenvolveram-se entrevistas com as ex-funcionárias do museu, com um “historiador diletante” e com a coordenadora de Cultura e Turismo da cidade, além da análise de reportagens que noticiaram o acontecimento. A partir da análise dos depoimentos foi possível observar que existem diferentes narrativas sobre o passado ditatorial, que estão relacionadas às disputas políticas atuais. O caso da retirada da estátua foi motor de discussões sobre a memória da ditadura. O Museu foi criado em 1985, na antiga casa dos pais do ex-presidente, abrigando objetos da família. O local não possuía uma museografia pensada, sendo a coleção de objetos disposta conforme “a boa vontade e curiosidade das funcionárias do local”. Uma das funcionárias entrevistadas se considera uma pessoa “conservadora” e levantamos a hipótese de que era esta a perspectiva presente no Museu. Algumas das entrevistas revelaram que o local era majoritariamente frequentado por admiradores do regime militar e do ex-presidente, enquanto outras ressaltaram a diversidade de visitantes. Atualmente o Museu Casa Costa e Silva está fechado para reformas estruturais. A forma como o espaço deverá ser utilizado futuramente divide opiniões. Para o “historiador” a casa deveria servir como atração de turistas “bolsonaristas”, que admiram a figura do ex-ditador e viriam visitar o local em sua homenagem. Mas a Coordenadora de Cultura afirma que a casa servirá como um memorial cronológico da história de Taquari, retratando os diversos povoadores da região. Costa e Silva será abordado ressaltando os pontos “positivos” e os “negativos” do seu governo. Concluímos que as opiniões dos entrevistados sobre a ditadura militar são em sua maioria favoráveis ao passado do ex-presidente, pois foram contrários à retirada do busto e querem que o museu retrate sua história de uma forma positiva, e o contraste de opiniões entre gerações. De acordo com a ex-funcionária, a geração de jovens mostrou-se favorável à retirada, usando a opinião de seu filho como exemplo, enquanto a geração passada mostrou opiniões contrárias. Palavras-chave: Costa e Silva, ditadura brasileira, Taquari-RS.