No território brasileiro, a região Nordeste caracteriza-se como a região mais afetada pela seca, gerando terrenos com pouca umidade e solos inférteis, impactando diretamente na agricultura, por meio do aumento de plantações não produtivas e em pequena escala. A variação pluviométrica nordestina é irregular e inconstante, provocando uma precipitação média anual baixa. Outrossim, a agricultura familiar sofre com o aumento dos índices de pobreza, devido a uma baixa disponibilidade de capital para o investimento em melhorias de técnicas agrícolas, realidade diferente dos grandes latifundiários. Segundo dados da PNAD 2009, 27% das pessoas pertencentes a população rural é pobre, e 26% estão em situação de pobreza extrema, gerando no total uma população de aproximadamente 54% em estado de vulnerabilidade social. Destarte, faz-se necessário a criação de técnicas para a permanência da produção agrícola em regiões pobres de vulnerabilidade hídrica, possibilitando melhorias na qualidade das sementes. Assim, utilizando-se do potencial bioquímico e tecnológico atual, o projeto de pesquisa teve como objetivo a criação de um revestimento fortificado a base do polissacarídeo amido de milho, adicionando-se alimentos comumente desperdiçados como fonte de nutrientes, visando o aumento do potencial germinativo e de metabólitos secundários dos cultivares. Devido à altas concentrações de metabólitos interessantes a medicina, como o ácido sinápico, comprovado no efeito anti-hipertensivo, e a naringenina, eficiente para a ação anti-neurodegenerativa e de proteção renal, foi escolhida a semente de rúcula (Eruca Sativa). A metodologia foi dividida em duas etapas principais: A 1ª consistiu na avaliação germinativa e de compostos bioativos em dois tipos de revestimento, o amido de milho e L-cisteína, comparando-se o potencial das sementes com e sem revestimento, descobrindo o melhor revestimento inicial. Na 2ª etapa, após comprovação da presença de analitos nas rúculas plantadas, comparando-se os resultados entre o amido e L. cistéina, o melhor revestimento da 1ª etapa será potencializado com 5 tipos de fonte de nutrientes naturais, gerando como resultado final um revestimento fortificado para a rúcula. Inicialmente, antes da produção dos extratos, foi utilizada a técnica de Simplex Centroide, em triplicata, para a determinação do melhor solvente para a extração dos compostos interessados. Dentre os solventes testados, a solução de 100% metanol demonstrou o melhor potencial. Posteriormente, dada as colheitas e extrações, as amostras passaram por três tipos de análises: fisiológicas, bioquímicas e estatísticas. Nas análises fisiológicas, foi analisado o índice de velocidade de germinação (IVG), porcentagem de germinação (%G) e altura da planta (AP). Tal qual, nas análises bioquímicas, foram realizados testes espectrofotométricos, para a quantificação dos metabólitos secundários, a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), a análise antifúngica, por meio da contagem de bolores e leveduras, e a complexação de metais, para a análise dos solos utilizados, pelo método da digestão de amostra por via úmida e derivatização. Para a validação dos dados espectrofotométricos, foram gerados as Análises dos Componentes Principais (PCA) e as Análises de Agrupamento Hierárquico (HCA). Nas análises cromatográficas, foram utilizados o ANOVA e o Tukey, para a determinação da aplicabilidade do método, através da análise de variância. Os resultados indicam que houve um aumento de 80% no potencial germinativo (%G) nas sementes revestidas com amido. Por conseguinte, o revestimento usado proporcionou um aumento de 84% nas concentrações de naringenina, 94% do ácido sinápico, além de indicar a presença de analitos como ácido protocatecuico, ácido elágico, crisina e catequina, metabólitos não apontados nos resultados das sementes não revestidas Palavras-chaves: Rúcula, Metabólitos secundários, Revestimento de Sementes, Vulnerabilidade Hídrica