A vitivinicultura na Serra Gaúcha, iniciada pelos imigrantes italianos, trouxe a prática da aplicação da calda bordalesa, uma mistura de sulfato de cobre e cal hidratada, para controle de doenças fúngicas nas videiras. Esse uso intensivo da calda, com até 10 aplicações anuais, tem levado ao acúmulo de cobre nos solos da região, chegando a níveis de até 65 kg ha-1 por ano. Como o cobre tem baixa mobilidade, ele se concentra na superfície do solo, causando toxidez e prejudicando o desenvolvimento das plantas. Embora seja um micronutriente essencial, o cobre, em concentrações elevadas, pode ser tóxico para plantas, animais e seres humanos. O cobre presente no solo assume diferentes formas, influenciadas por fatores como pH, textura, conteúdo orgânico, entre outros. Sua retenção no solo se dá principalmente por adsorção em partículas minerais, complexação com substâncias húmicas e precipitação como sais insolúveis. As formas mais importantes para as plantas são os íons livres (Cu2+), cuja disponibilidade é afetada pelo pH do solo. O objetivo deste estudo é avaliar estratégias para estabilizar o cobre em solos contaminados, utilizando um condicionador de solo associado ao uso de plantas de cobertura (aveia preta) em cultivo de vasos. O experimento será realizado em estufa no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Campus Bento Gonçalves. O solo utilizado para o experimento será um Cambissolo, solo comum à região, coletado em mata nativa, com ausência de histórico de aplicação de cobre. Uma amostra de solo será coletada, seca e triturada manualmente com almofariz e pistilo de porcelana para a avaliação, conforme metodologia descrita por Tedesco et al. (1995). Serão colocados 4000 gramas de solo em rizobox e adicionados doses de cobre no solo correspondente a 160 anos de aplicação de sulfato de cobre. Após, serão adicionadas doses equivalentes a 0, 4, 8 e 16 toneladas por hectare de condicionador de solo, com quatro repetições e realizado o cultivo de aveia preta durante 60 dias. Ao final do trabalho será realizada a avaliação da matéria seca produzida de aveia, matéria seca de raízes e uma amostra de solos será coletada. O solo coletado será seco em estufa de ar forçado até 65°C, triturado e analisado a disponibilidade de cobre com extração por resina trocadora de cátions (RTC), segundo metodologia descrita por Tedesco et al. (1995). A biomassa seca das raízes e da parte aérea será coletada e analisada quanto à absorção de cobre, seguindo a metodologia de Tedesco et al. (1995). Os dados serão submetidos à análise estatística, e as médias serão comparadas pelo teste de Tukey (p < 0,05). Essa pesquisa busca oferecer soluções para mitigar os efeitos do acúmulo de cobre nos solos da viticultura da Serra Gaúcha, permitindo a sustentabilidade da atividade na região. A aplicação desses resultados poderá beneficiar produtores e melhorar a qualidade ambiental dos vinhedos, preservando essa tradição centenária.