Palavras chave: gagueira, feedback auditivo, dispositivo eletrônico, microcontrolador. A gagueira é considerada um distúrbio de fluência da fala que se manifesta por meio de bloqueios, prolongamentos e/ou repetição de sílabas, e acomete aproximadamente 10 milhões de pessoas no Brasil. Pessoas que sofrem com esta condição demonstram dificuldades sociais e emocionais devido ao medo de se expor a situações onde podem ser julgadas, o que impacta negativamente a sua qualidade de vida, tanto em aspectos da vida pessoal quanto profissional. Uma das formas de tratamento se dá pela alteração do feedback auditivo (AFA), onde o falante ouve sua própria voz modificada por um aparelho eletrônico, geralmente consistindo em um pequeno atraso e/ou frequência distinta de seu tom de voz. A eficácia da técnica de AFA já foi comprovada por muitos testes realizados por fonoaudiólogos, e é explicada pelo fato de que, ao ouvir sua própria voz modificada à medida que fala, o indivíduo tem sua fala desautomatizada, ativando uma configuração de fala no cérebro que é resistente à gagueira, induzindo à fluência. Esta técnica de tratamento é pouco difundida no Brasil, e os equipamentos são pouco acessíveis, visto que não são comercializados no país. Ainda, os aparelhos e softwares que realizam esta função possuem limitações, por isso, o objetivo deste trabalho é desenvolver um dispositivo eletrônico portátil que auxilie no tratamento da gagueira, realizando a técnica de AFA. A metodologia adotada foi feita por etapas. Primeiramente, foram realizadas pesquisas bibliográficas e entrevistas com fonoaudiólogas a fim de verificar a relevância de um dispositivo como o planejado. Então, foi feito o planejamento dos componentes principais necessários para a execução do projeto: o microcontrolador STM32F446RE, um microfone de eletreto e um fone de ouvido. Foi desenvolvido o software para o microcontrolador, onde inicialmente é amostrado o sinal do microfone via conversor A/D, e estas amostras são armazenadas num buffer circular. Posteriormente, é gerado um atraso no sinal, que é processado, alterando suas características de frequência e levando à percepção de uma voz mais grave ou mais aguda, que por fim, é convertido novamente em analógico via conversor D/A. Então, para obter um sinal limpo e livre de ruídos, foi adicionada uma etapa de amplificação e filtragem no circuito do protótipo. Como resultados parciais, tem-se um dispositivo eletrônico que realiza atraso e mudança de frequência de voz ajustáveis por botões, possibilitando atrasos entre 50, 60, 70 e 100 milissegundos e frequências de faixas distintas, desde mais graves a mais agudas em relação ao tom de voz do usuário. Atendendo a todos os requisitos iniciais, pode-se afirmar que o objetivo proposto de desenvolver um aparelho eletrônico gerador de AFA foi atingido. Os próximos passos do projeto consistem na realização de testes com acompanhamento de profissionais para validar a funcionalidade do protótipo.