O estudo teve como objetivo analisar o contexto político e socioeconômico do Brasil, a partir da produção e recepção da música sertaneja romântica e universitária. Investigamos então como se deu a atualização de uma fase para outra. Para alcançar nosso objetivo, estruturaremos o relatório em três partes: 1) situamos a trajetória e produção dos principais artistas românticos e universitários, bem como seu público; 2) analisamos e categorizaremos os discursos recorrentes nas canções dos artistas mobilizados; 3) e, por fim, identificamos e problematizamos no feminejo as estratégias de posicionamento das cantoras sertanejas acerca do empoderamento feminino. Nesse percurso, evidenciamos como o contexto da época influenciou a canção sertaneja e dialogamos com intelectuais preocupados em explicar a sociedade contemporânea, tendo em vista as mudanças políticas e econômicas ocorridas. A metodologia de pesquisa empregada foi a análise comparativa de caráter qualitativo, conectando a trajetória de artistas do gênero, situados na fase romântica e na universitária, ao contexto político e socioeconômico do Brasil, no período que compreende finais da década de 1990 e início dos anos 2000. Na fase romântica, os artistas selecionados para análise foram os “amigos”: Zezé Di Camargo & Luciano, Leandro & Leonardo e Chitãozinho & Xororó. Selecionamos ainda a cantora de maior destaque do período, Roberta Miranda, a fim de situar a representatividade feminina nesse cenário. Já para analisar o sertanejo universitário, investigamos a obra das duplas Zé Neto & Cristiano, Jorge & Mateus, Henrique & Juliano, Maiara & Maraísa e da cantora, recentemente falecida, Marília Mendonça. Tais artistas são os de maiores sucessos do gênero atualmente, equivalendo ao que os “Amigos” e Roberta Mirada equivaliam na década de 1990. Juntos, os canais desses artistas “universitários” contabilizam mais de 93 milhões de inscritos no Youtube. Em relação as obras analisadas das “patroas”, o feminejo, notamos a existência de um aparente empoderamento feminino como narrativa recorrente. Contudo, nosso relatório questiona se as cantoras se identificam com o movimento feminista ou se apenas utilizam o discurso de empoderamento como forma de promover suas carreiras. Assim, no decorrer da nossa análise, chamamos atenção para a atualização da música sertaneja, sendo marcada por novas narrativas, inovações digitais e por relações de consumo centradas nas plataformas digitais. Essa atualização se deu a partir da reestruturação da indústria fonográfica, no contexto da globalização. Tal atualização assegurou ainda que o gênero se consagrasse como uma paixão nacional, atraindo principalmente o público jovem. Diante do seu potencial de mobilização, esperamos que nosso estudo, ao utilizar a música sertaneja como fio condutor, colabore para atrair a juventude para discutir e refletir sobre problemas sociais que assolam o país. Palavras-chave: Produção; Recepção; Sertanejo romântico; Sertanejo universitário; Brasil contemporâneo.