A economia da maior parte dos países baseia-se em produzir, consumir e descartar, caracterizando-se como linear. Esse tipo de Economia ocasionou um aumento de consumo 1,7 vezes maior do que as necessidades reais da população, gerando uma taxa de consumo 50% mais rápida do que a velocidade de renovação dos recursos naturais. Considera-se, ainda, que 97% das mudanças climáticas tenham origem antropogênica. Diante desse cenário de colapso econômico, social e ambiental surge como alternativa viável à Economia Circular (EC), um sistema socioeconômico que propõem um fluxo cíclico através de 10 práticas: recusar, repensar, reduzir, reusar, reparar, recondicionar, remanufaturar, reaproveitar, reciclar e recuperar. Contudo, a EC ainda é um campo de estudo pouco desenvolvido, especialmente sob a perspectiva do comportamento humano. Nesse sentido, o objetivo dessa pesquisa foi construir um modelo do comportamento circular de jovens de 14 a 19 anos do Litoral Norte gaúcho através da Modelagem de Equações Estruturais. A metodologia iniciou com a revisão da literatura, seguida do desenvolvimento de um Diagrama de Caminhos do comportamento desses jovens na EC através do método hipotético-dedutivo. Em seguida, foi elaborado e testado um questionário, que, após ajustes, foi aplicado ao público alvo in loco. A Análise Multivariada foi utilizada para validação do modelo. Após foi realizada uma Intervenção Comportamental. O primeiro resultado foi a construção do Diagrama de Caminhos com 4 variáveis latentes: (i) Hábitos e Agentes de socialização, (ii) Coletividade, (iii) Benefícios e custos percebidos e (iv) Educação e conhecimento sobre EC. O questionário foi aplicado em 14 escolas públicas e privadas dos municípios mais populosos com maior taxa de matrícula no ensino fundamental e médio, sendo eles: Capão da Canoa, Imbé, Osório e Tramandaí. A amostra foi probabilística aleatória simples com 508 respostas e 95% de confiança. Dessa forma, foram coletados um total de 16.265 dados. Observou-se que os jovens reconhecem a importância dos conceitos acerca da EC, contudo 64% não sabe se a mesma está presente no seu cotidiano. Em contraponto a esse dado, 92,5% dos jovens consideram que a reciclagem faz diferença no mundo, sendo a prática de EC mais identificada. A familiaridade dos jovens com a reciclagem pode ser relacionada com o programa Jogue Limpo – presente no município de Osório desde 2014 – o qual popularizou o conhecimento dessa prática, mostrando como políticas públicas são importantes. O questionário também apresentou consistência interna, tendo um Alfa de Cronbach de 0,712. Na Análise Multivariada, os testes de Kaiser-Meyer-Olkin (0,855) e de Esfericidade de Bartlett (sig<0,000), mostraram a adequação da amostra na utilização da Análise de Componente Principais (PCA). A PCA reduziu o número de variáveis, agrupando-as em 5 Componentes Principais. Na sequência, a Modelagem de Equações Estruturais validou o Diagrama de Caminhos. As principais vantagens do método proposto foram a: (i) possibilidade de identificar os conceitos de EC mais compreendidos pelos jovens, (ii) a utilização de um procedimento estatístico multivariado capaz de relacionar inúmeras variáveis e (iii) a possibilidade de identificar futuras ações para democratizar a EC. A Intervenção Comportamental possibilitou a construção colaborativa de 11 conceitos de Economia Circular por 8 participantes do público-alvo, constatando que a Educação é um instrumento eficaz no envolvimento desses atores no tema da pesquisa. Dessa forma, esse trabalho mostrou-se promissor na compreensão do comportamento jovem a fim de construir não só uma Economia Circular, mas uma Sociedade Circular. Palavras-chave: Economia Circular, Comportamento, Jovens.