A refrigeração é um dos principais fatores que influenciam no bom desempenho dos processos de usinagem. O calor gerado durante o processo é dissipado de forma fracionada, para a ferramenta de corte, para o cavaco e para a peça. Para a redução da temperatura ao longo da execução da usinagem, a indústria utiliza óleos de corte com base mineral ou sintético, sendo posteriormente descartados. Estima-se que em um ano, em todo planeta sejam utilizados cerca de 1,25 bilhões de litros desses fluidos. Em alguns casos, esses fluídos de corte podem ser tratados, sendo parte deles reutilizados, porém um processo de filtragem é bastante oneroso e a indústria opta por descartá-los e repor a carga de óleo no reservatório da máquina. Esse descarte, mesmo que feito por empresas especializadas, acaba gerando um passivo para o meio ambiente. Embora a evolução tecnológica das ferramentas de corte especiais permita que dispense a refrigeração ou que se utilize refrigeração a ar, o fluido de corte continua sendo muito utilizado na indústria, o que o grande vilão para o meio ambiente, devido ao seu grande potencial poluidor, além de ser um efluente que contém óleo em sua estrutura, sendo prejudicial para a saúde em geral. Muitas vezes algumas indústrias optam pelo processo de filtragem desses fluidos, porém isso apenas retarda a saturação do mesmo e após a saturação é direcionado para empresas responsáveis pelo tratamento desse efluente. O objetivo principal do projeto é trazer uma solução natural para refrigerar a peça durante o processo de usinagem, mais precisamente no torneamento, embora a ideia possa se estender aos demais processos de usinagem, como fresamento, furação, retificação, além de outros. Tudo isso, utilizando um fluido de corte orgânico, que gere menos resíduos classe 1 sem utilizar derivados do petróleo. Fez-se então um estudo de possíveis fontes de óleo na natureza, e também os possíveis aditivos necessários para agregar a esse óleo as propriedades necessárias para aplicação na usinagem. Escolheu-se o óleo de rícino 100% natural proveniente da mamona, onde fez-se algumas misturas com emulsionantes e bactericidas até se obter um fluído que tivesse viscosidade adequada e boa capacidade de refrigeração. O estudo comparou o fluido orgânico com mais dois tipos de fluido de corte, sendo um de base mineral e outro sintético, em um processo de torneamento em aço laminado SAE 1020, onde as temperaturas do corte foram comparadas com auxílio de câmera termográfica. Na usinagem utilizando o fluido de corte mineral a temperatura média na região de corte atingiu 620 graus, o que vai de encontro com a literatura, assim como a temperatura obtida com fluído sintético, onde a temperatura chegou a faixa de 580 graus, também sendo condizente com a literatura. O fluido de corte orgânico foi submetido ao mesmo ensaio e apresentou temperatura média de 650 graus, indicando um comportamento similar aos demais . Com isso conclui-se que é possível utilizar o fluido de corte orgânico, pois o mesmo teve capacidade de resfriamento compatível aos fluídos já utilizados no mercado.