Devido uma grande dificuldade econômica no município de Canindé de São Francisco, apontada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada por meio do Atlas da vulnerabilidade social (2010) no qual o índice: Proporção de pessoas com renda domiciliar per capita ou inferior a meio salário mínimo é de 72.05. Muitas das famílias têm dificuldade na alimentação dos seus filhos, e vivem de forma precária e nada saudável, o que resulta em subnutrição de crianças e adolescentes. Pensando nisso e na colaboração com a segunda meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável surgiu o nosso problema: é possível reutilizar o soro do leite descartado na fabricação de queijos para a produto de uma bebida láctea fermentada com adição de vitaminas frutíferas? Assim como no Brasil, aqui no sertão o soro de leite tem se tornado uma importante matéria-prima, devido à sua grande oferta, suas características nutricionais, propriedades funcionais e baixo custo. Diante disso e preocupados em encontrar um finalidade para esse resíduo, os alunos do Centro de Excelência Dom Juvêncio de Britto, desenvolveram um projeto que busca a reutilização do lacto-soro para criar uma bebida láctea com os seguintes sabores goiaba e acerola, frutas cultivadas no nosso perímetro irrigado e umbu e palma itens típicos da nossa flora. Buscaremos produzir uma bebida rica em diversos nutrientes (Vitamina A, Cálcio, Vitamina B6, magnésio, Vitamina C, Ferro, Cobalamina…) com alto valor nutritivo para a reposição de proteínas essenciais para a formação e sobrevivência de crianças e adolescentes da nossa região. Para a produção da bebida láctea foram realizadas pesquisas e testes iniciais até chegarmos na receita final. Utilizamos os seguintes ingredientes: 500mL de leite in-natura; 500mL de soro; 110 g de açúcar; fermento lático Ricaferm YR02 para 20 litros ou Fermento para bebidas lácteas Bio Rich para 1 litro; 20 g de polpa de fruta sabor; 2 g de aroma artificial de sabor; 5 g de estabilizante GFG. Antes de iniciarmos a etapa de preparação do composto foi selecionado o soro fresco e feita a escolha do leite, com acidez baixa (15 a 17ºD), em seguida o leite foi filtrado. Feito isso, deu-se início a produção da bebida colocamos o soro, com acidez máxima de 12ºD, para aquecer, com o objetivo de inativar a enzima do coalho. Quando atingiu 65ºC, adicionamos o leite selecionado e continuamos aquecendo. Em seguida adicionou-se 11% de açúcar já misturado com o estabilizante na proporção de 0,5% (esta adição deve ser feita sob agitação e misturado com açúcar para não empelotar o estabilizante). Sem demora a mistura (leite mais soro mais açúcar/estabilizante) será pasteurizada a uma temperatura de 85ºC por 15 minutos. A seguir resfriada para 42ºC, resfriamos em temperatura ambiente. Daí é adicionado o fermento na quantidade proporcional. Entrando no período de fermentação, a mistura foi colocada numa estufa caseira com temperatura de 42° C por 8 horas. A acidez do ponto deve girar em torno de 60ºD, que é um indicador de que a bebida está no ponto – muitas pessoas usam uma colher, dá certo, mas não se tem um padrão correto da acidez, as vezes irá ficar mais ácido ou menos ácido. Após o tempo necessário, quebramos lentamente a coalhada e resfriamos com água gelada até atingir 15ºC; adicionamos 20g de polpa de fruta, 2g de aroma de leite condensado, embalamos e armazenamos na geladeira. Com os resultados expressos verificamos que as bebidas que apresentam maior valor calórico são as com sabor de palma e goiaba, a de acerola é a menos calórica e a de umbu apresenta valores nutricionais próximos ao da palma. Desse modo, verificamos a viabilidade do beneficiamento do soro de leite (não comercializado na indústria de laticínios), agregado a frutas e cactos presentes no nosso meio, transformando-o em uma bebida própria para consumo humano. Trazendo relevância social, potencial de geração de trabalho e renda, e promoção de cidadania. Palavras-chave: Subnutrição; Reutilização; Lacto-soro.