Fraqueza muscular adquirida na unidade de terapia intensiva (ICUAW – Intensive Care Unit Acquired Weakness) é uma condição clínica que ocasiona um enfraquecimento muscular generalizado, prejudicando a capacidade funcional, tornando a reabilitação neuromuscular dos doentes críticos mais difícil e prolongada. Segundo a Revista Internacional de Ciências Moleculares (2020), a ICUAW atinge cerca de 40% dos pacientes que requerem internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Neste contexto, o objetivo desta pesquisa consiste em desenvolver um recurso de suporte durante o tratamento reabilitativo do doente crítico com ICUAW, a fim de auxiliar no seu controle de tronco durante o treinamento sentado, visto que esse é o primeiro estágio efetivo da reabilitação. Estudos evidenciam que a estimulação elétrica funcional (FES) correlacionada com exercícios funcionais promove impactos positivos no tratamento desses pacientes, tais como: encurtamento do tempo de internação, melhora da capacidade funcional e redução de perda de massa e força muscular. Nessa perspectiva, um dispositivo eletroestimulador acoplado a uma malha estabilizadora foi desenvolvido. O principal diferencial do equipamento proposto em relação aos disponíveis no mercado é o controle de angulação do tronco do paciente. Com uma postura adequada do indivíduo, o dispositivo envia um estímulo de baixa frequência, com característica metabólica, para aumentar o consumo energético sem gerar fadiga. Já nas situações de inclinação acentuada para frente, ou para trás, os músculos eretores da espinha, ou o músculo reto abdominal, são estimulados com uma frequência de contração muscular, a fim de que se atinja a postura correta novamente. Destaca-se que os parâmetros utilizados no desenvolvimento do eletroestimulador são idênticos aos já utilizados no tratamento dos doentes críticos. O dispositivo responsável pela captação dos ângulos se dispõe sobre a malha estabilizadora, que tem a função de manter o corpo mais firme e dentro dos eixos gravitacionais, propiciando uma leitura mais precisa do sensor e um tratamento mais confortável para o paciente. A realização deste estudo fundamenta-se em pesquisas bibliográficas e pesquisas de campo, em que foram contatados fisioterapeutas intensivistas e profissionais do ramo de educação física, além do desenvolvimento e ensaio do dispositivo eletroestimulador e da malha. A pesquisa produziu resultados por meio dos testes com o protótipo do eletroestimulador, obtendo uma forma de onda e amplitude semelhantes às utilizadas na reabilitação de doentes críticos com dispositivos comerciais, o que demonstra o funcionamento adequado do sistema para o público-alvo. Os testes realizados com a malha, tanto de resistência aos produtos de higienização hospitalar, quanto a avaliação de estabilidade e conforto, evidenciaram que a malha pode ser um meio de assistência aos pacientes. Foi realizado o orçamento do protótipo, gerando um custo de aproximadamente R$650,00, enquanto os produtos comerciais assumem valores acima de R$3.000,00, tornando a tecnologia desenvolvida mais acessível, podendo diminuir os custos hospitalares. Baseado nos resultados alcançados, indica-se que a hipótese da pesquisa seja validada e que a associação da malha estabilizadora com a eletroestimulação pode ser um recurso de suporte, tanto para o doente crítico, quanto para o fisioterapeuta durante suas condutas. Palavras-chave: Fraqueza Muscular. Controle de tronco. Dispositivo eletroestimulador. Malha estabilizadora.