O território brasileiro possui um imenso patrimônio genético natural quando se trata de sua vasta biodiversidade vegetal, e esta rica biodiversidade ainda não é aproveitada plenamente pelas indústrias farmacêuticas, pois ainda somos bastante dependentes de medicamentos sintéticos para tratamento de diversas doenças, inclusive as inflamatórias que, devido a sua composição, podem comprometer o processo de cicatrização. Isso leva à necessidade de investigação de novos compostos e produtos naturais que apresentem as mesmas propriedades ou superem os atualmente utilizados, que sejam biocompatíveis e menos citotóxicos, e com isso, os biopolímeros têm alta relevância nestes aspectos, principalmente na medicina regenerativa, encontrando-se, então, os grãos de Kefir, que são compostos por uma mistura de várias bactérias garantindo que sua composição é extremamente diversificada e rica. Entre a classe dos exopolissacarídeos, está incluso um biopolímero, a Kefirana, que demonstra determinadas atividades biológicas relevantes: antibacterianas, antioxidantes, antitumorais e antiproliferativas, sendo suas diversidades estruturais responsáveis por muitas dessas ações, dessa forma, apresentando grande potencial para aplicações em medicina regenerativa. Com base nessas informações, produziu-se um bio gel para a aplicação cutânea com base nos componentes poliméricos e a ação antimicrobiana do kefir, com a finalidade de ajudar na cicatrização e regeneração da pele depois de queimada, de forma mais econômica, acessível, sustentável e natural. Para a produção da cultura de kefir de leite, obtido através de doações, os grãos foram submetidos a ciclos de fermentação em leite meio gordo, mantidos em temperatura ambiente de aproximadamente 25 graus, onde foram realizadas repicagens a cada 48 horas, durante o período de 10 dias. Após o cultivo, realizou-se 3 métodos de extração da kefirana, caracterizado por etapas como lavagem com água destilada, pesagem e trituração dos grãos de kefir, fervura dos grãos em água destilada, aquecimento e agitação em solução de NaOH, neutralização com solução de HCl, filtração, centrifugação, suspensão com etanol e, por fim, pulverização. Calculados os rendimentos de cada método, observou-se 1,56% de rendimento no método 1, que comparando com o método de Moreira et al. (2008) foi obtido um rendimento relativamente maior, 4,37% no método 2 e 3,31% no método 3, sendo assim, verificou-se que o método de extração obteve um maior rendimento foi o T2, realizando-o novamente em maior quantidade. Os processos extrativos foram seguidos da espectroscopia de infravermelho, e com isso, confirmando que o precipitado extraído realmente é a kefirana. Em seguida foi feita a etapa de produção do gel através da diluição da solução de kefirana extraída com água destilada e congelamento. Por fim, foi realizada uma análise in vitro de suas propriedades antimicrobianas através do método de disco difusão, a qual a média do halo de inibição encontrado foi de 285 mm de diâmetro, comprovado então que o biogel possui ação antimicrobiana. Serão realizadas análises para a averiguação da absorção do biogel na pele em estudos futuros. Palavras chave: Biogel, Kefir, Componentes poliméricos, Extração.