A geração de resíduos pela atividade pesqueira é uma questão que tem sido muito debatida pela comunidade científica. Em municípios como a cidade de Imaruí, em Santa Catarina, onde a pesca é uma das principais atividades econômicas, ocorre a crescente demanda por frutos do mar para consumo, o que incentivou o crescimento da atividade de carcinicultura. Esse método de criação de camarões de água salgada em lagoas de água doce deve ser feito com muitas regulamentações, principalmente acerca dos subprodutos e resíduos gerados, pois o retorno das cascas para o mar ou lagoa de carcinicultura é considerado ilegal pela regulamentação do IMA (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina) devido aos problemas que podem ser causados ao bioma marinho. Ao pensar em uma utilização para esse resíduo sem aplicabilidade concreta na sociedade investigamos a composição e as possibilidades químicas de utilização principalmente do exoesqueleto do camarão. Essas estruturas podem representar de 40 a 50% do peso total do crustáceo e são compostas de basicamente 15 a 20% de quitina, 25 a 40% de proteínas e 40 a 55% de carbonato de cálcio. Além disso, a escolha da linha de pesquisa se deu pelo estudo da composição dos curativos descartáveis utilizados atualmente, que contém polímeros sintéticos que não são biodegradáveis, ocasionando outro problema de poluição ambiental. Diante disso, esta pesquisa tem o objetivo de produzir filmes biodegradáveis de quitosana a partir da quitina extraída de resíduos do exoesqueleto do camarão Litopenaeus vannamei, e que apresentem propriedades físico-químicas adequadas para o estudo de sua aplicação como curativo. Partiu-se da hipótese do aproveitamento desses resíduos para a produção de um filme de quitosana, tendo esse as características físico-químicas de ser atóxico, biocompatível, biodegradável, claro opticamente, adequadamente transparente, permeável por gases, molhável e estável mecanicamente, além de ter baixo custo. Para atingir os objetivos propostos, a casca do camarão será passada por processos de: desproteinização, em que haverá a remoção das proteínas presentes nas cascas com o uso de solução de hidróxido de sódio, desmineralização, sendo a remoção dos minerais e sais presentes na casca com o auxílio de solução de ácido clorídrico, descoloração, para a remoção do excesso de carotenoides responsáveis pela coloração das estruturas do animal com o uso de solução de ácido acético e desacetilação, realizada no sólido obtido após todos esses processos, identificado como a quitina, que ao ser parcialmente desacetilada, é considerada quitosana, um polieletrólito catiônico. Trata-se de uma pesquisa em andamento, porém realizar-se-á a purificação da quitosana sólida através de sua dissolução em solução 1% de ácido acético, de modo a obter um produto com melhores características de análise. Na quitosana obtida e purificada serão realizados os testes de: viscosidade, grau de desacetilação, teor de cinzas totais e espectroscopia de infravermelho. A produção dos filmes será através do método de casting, em que a solução filmogênica de quitosana em ácido acético será vertida em placas de Petri e posta para secagem. Os filmes produzidos passarão pelas análises de: espessura e gramatura, microscopia óptica, degradação, teste de sensibilidade antimicrobiana, intumescimento e permeabilidade ao vapor d’água. Os resultados serão comparados com a literatura para a conclusão de que os filmes produzidos apresentam características que confirmam nossa hipótese.