Palavras-chave: Mulheres; Conhecimento; Patriarcado. Esse projeto surgiu no ano de 2022 em razão de um trabalho escolar no qual precisávamos abordar a produção de uma pensadora brasileira, chamada Heleith Saffiot. Em seu desenvolvimento, encontramos dificuldades de informações, mesmo com todo o volume que temos disponível em nossos tempos. Nossa hipótese inicial foi a de que a dificuldade existia por ser uma fonte feminina, o que viria a se confirmar no desenvolvimento de nossas pesquisas. No entanto, no decorrer dessa primeira etapa, notamos que, seguindo a lógica social estabelecida amparada pelo patriarcado, a opressão da classe trabalhadora e o racismo, o apagamento de mulheres atravessadas por tais conjunturas, se aprofunda. Se, inicialmente nos questionávamos “Cadê elas?” hoje fazemos a afirmação “Precisamos ouvir todas!”. Analisando nosso processo de colonização, entre os costumes trazidos pelos europeus estava a manutenção do status inferior da mulher, tanto da mulher branca, subalternizada enquanto membro da sociedade dominante, como da mulher negra e indígena, exploradas e objetificadas (ALVES, B.; PITANGUY, J. 2022). Escolhemos enquanto objetivo, proporcionar espaços nas escolas que possibilitem visibilidade e reflexão acerca da produção intelectual feminina entendendo que, enquanto mulheres na ciência, há uma longa jornada de opressão estruturada pelo patriarcado. Nessa nova etapa do projeto observamos como essa exclusão se agrava ao tratarmos de mulheres fora do eixo hegemônico eurocêntrico e norte americano. Tais mulheres, sofrem ainda mais o processo de invisibilidade, por outras desigualdades que atravessam suas existências, tais como a pobreza, questões raciais, regionais, dupla ou tripla jornada de trabalhos domésticos. Essa realidade é atrelada ao processo de colonização europeia que estabeleceu uma “fonte de conhecimento ideal”, dificultando que outras fontes de pensamento fossem reconhecidas. Consideramos importante desenvolver estratégias que permitam a propagação da produção feminina na nossa realidade, o ensino médio. Para a coleta de dados, aplicamos questionários em nossa comunidade buscando diagnosticar as dificuldades enfrentadas no âmbito intelectual já em idade escolar, que nos levou a um resultado onde 83,5% das estudantes já exercem dupla jornada, além de questões sobre o contato com pensadoras nas aulas e qual percentual seriam de pensadoras não brancas. Realizamos entrevistas semiestruturadas com professoras e professores de Filosofia para compreender seu uso de pensadoras em suas aulas e período de graduação. Produzimos um documentário convidando alunas e professoras, intitulado Tomamos a Palavra (2023) e reproduzimos para todas as turmas de nossa escola com o objetivo de divulgação da produção feminina e os desafios que se impõem. Escolhemos apresentar as pesquisadoras que aparecem no documentário, bem como outras pesquisadoras, através da ressignificação de um material e formato de burn book voltado para a divulgação de projetos científicos executados por mulheres da nossa comunidade escolar. Ainda com o objetivo de divulgar e dar voz a mulheres pertencentes a nossa realidade e com vivências diversas criamos um material impresso com produção feminina. Após os resultados das duas fases desse projeto, estamos cada vez mais convencidas sobre a necessidade de expandir a ideia de que a tradição filosófica sempre contou com a produção feminina e que o filosofar também pertence às mulheres. Buscamos proporcionar o movimento contrário quando afirmamos que “tomamos a palavra”, pois, através da produção de imagem, vídeo, redes sociais e material impresso, abrimos espaço para que pensadoras que fazem parte do nosso cotidiano apresentem seus saberes e reflitam acerca da condição de uma mulher que “ousa” afirmar que pensa.