USO DE CELÚLAS DE ASPERGILLUS: UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS POR AGROTÓXICOS. O uso abusivo dos agrotóxicos utilizados no Brasil está relacionado a problemas de saúde e ao ambiente, pois tais compostos são recalcitrantes, e com o tempo, se acumulam nas áreas de uso e fragilizam-nas. Os fungos são microrganismos capazes de degradar e decompor diversas substâncias nas mais extremas condições de nutrição, ao contrário das bactérias, e por isso tornam-se ideais para o estudo de tratamento sustentável de solos contaminados. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo isolar, avaliar a capacidade de crescimento ou degradação e posteriormente identificar a capacidade de filamentosos capazes de recuperar áreas degradadas por substâncias agrotóxicas. Na pesquisa, baseando-se em Melo, Prado, Silva e Oliveira, serão coletadas 20 amostras de solo de culturas de hortaliças, analisadas em laboratório, e após isolar e identificar morfologicamente os fungos presentes no solo coletado, inseri-los em placas de Petri contendo o meio de cultura BDA e o inseticida TEMIK 150 previamente preparado em diferentes concentrações (0, 10, 20, 50, 100 ug µg mL-1), onde será possível visualizar e acompanhar o crescimento micelial destes organismos realizando o processo de cometabolismo, ou seja, utilizando o inseticida presente no meio como fonte única de carbono e energia para sua nutrição. Em sequência, os ensaios de biodegradação em microcosmos buscarão estabelecer condições de teste aprimoradas (melhor fonte de nitrogênio, relação nutricional adequada, CRA mais favorável) com o intuito de otimizar o processo de biorremediação de um solo contaminado com 5% m/m de TEMIK 150. Por fim, após os ensaios de germinação dos esporos, se avaliará a produção de dióxido de carbono (CO2) e a análise residual utilizando um cromatógrafo, onde determinará-se por critério a capacidade dos fungos selecionados em degradar o praguicida e seus produtos de degradação. Das vinte linhagens testadas, dez foram selecionadas como potencialmente degradadoras do inseticida TEMIK 150, sendo elas AV 07 (Aspergillus ochraceus), AV 01 (Aspergillus ochraceus), CB 15 (Aspergillus ochraceus), AR 09 (Syncephalastrum racemosum.), AR 07 (Aspergillus ochraceus), CF 17 (Aspergillus ochraceus.), AR 11 (Aspergillus ochraceus) e AV 08 (Aspergillus ochraceus.) Em meio sólido, as quatro linhagens que demonstraram o melhor crescimento médio nas cinco AR 07 (Syncephalastrum racemosum.), AR 11 (Aspergillus ochraceus), AV 07 (Aspergillus ochraceus). A linhagem AR 07 (Aspergillus ochraceus) apresentou melhor adaptação frente a altas concentrações, sendo a única capaz de apresentar crescimento satisfatório numa concentração de 100 µg mL-1 de TEMIK 150. Destacaram-se pela adaptabilidade à TEMIK 150 em meio líquido na concentração de 20 µg mL-1 os fungos AR 07, AR 09, AV 06 e CF 17, sendo eles respectivamente Aspergillus ochraceus, Syncephalastrum racemosum., Syncephalastrum racemosum e Aspergillus ochraceus. Espera-se com os resultados que os microrganismos isolados sejam tolerantes ao meio tóxico e apresentem alto potencial de degradação do agrotóxico utilizado, para que possam ser utilizados em futuros estudos de tratamento de solos contaminados por compostos xenobióticos e recalcitrantes, contribuindo, então, com a diminuição do impacto ambiental causado em razão do manuseio incorreto e indevido de agrotóxicos em culturas de hortaliças, promovendo a saúde o bem-estar da comunidade e do consumidor final de produtos nutricionais agrícolas. Palavras chave: biodegradação, crescimento, biorremediação, agrotóxicos, microrganismos, TEMIK 150.