Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 138 milhões de pessoas são afetadas anualmente por erros de profissionais da saúde. Dentre as causas apresentadas, está a incorreta realização de tarefas relacionadas às rondas intencionais da enfermagem. Esta configura-se como um processo de controle proativo, através da confecção de prontuários em intervalos regulares, do quadro clínico do paciente, assim garantindo o suprimento de suas necessidades fundamentais. Ademais, proporciona a interação entre pacientes, familiares e equipe multidisciplinar, despertando um sentimento de confiança mútuo. Todavia, a ronda intencional e, por consequência, a realização dos prontuários aplicados a esta etapa, não têm sido frequentes na rotina do enfermeiro ou pouco tempo é atribuído a isso, sob a justificativa do excesso de atribuições aos profissionais. Ainda, o contexto pandêmico da COVID-19, em virtude da superlotação de hospitais, acentuou esta conjuntura, o que debilita a qualidade da assistência de enfermagem, comprometendo o estado da saúde e a recuperação do paciente, uma vez que os dados coletados servem como vetores essenciais para o embasamento da prescrição dos tratamentos e da intervenção médica. A saber, dentre as Tecnologias de Processamento de Linguagem Natural, as de reconhecimento de fala possuem a vantagem da facilidade de aquisição de informação, por permitir a realização de tarefas simultâneas por parte do usuário e por utilizar uma linguagem abrangente. Dessa forma, esta pesquisa visa desenvolver um software capaz de realizar o reconhecimento de fala e selecionar os dados necessários para a criação de prontuários eletrônicos utilizados nas rondas intencionais da enfermagem. Inicialmente, realizou-se um mapeamento da produção acadêmica já existente e pesquisas sobre o processo de confecção de prontuários, definindo os campos que estariam disponíveis no prontuário gerado. A partir disso, foram definidos os critérios do sistema: deve ser capaz de captar o áudio, transcrevê-lo, selecionar os dados úteis à elaboração do prontuário e enviá-los ao banco de dados e, por fim, excluir o áudio inicial. A elaboração da arquitetura do software iniciou-se e, logo em seguida, o processo de implementação do software, com o desenvolvimento de algoritmos na linguagem de programação Python que se comunicassem com API’s de transcrição de áudio, adaptando para o projeto local junto do trabalho de bibliotecas de software na linguagem de programação Python, como bibliotecas de interfaces gráficas, gravação de áudio e integração com o banco de dados. Os próximos passos, a fim de aprimorar o protótipo, incluem a investigação aprofundada das normativas para sistemas de manuseio de prontuários eletrônicos no Brasil, desenvolvimento a possibilidade de controle total do aplicativo via interface de voz e a realização do plano final de testagem e validação do protótipo, onde as conclusões finais serão apresentadas. Por ora, com a análise de critérios de projeto, foi possível obter um sistema que consegue gerar prontuários eletrônicos via reconhecimento de fala. Inferimos, desta forma, que o desenvolvimento do sistema proposto pode otimizar a elaboração de prontuários eletrônicos e contribuir com o adequado preenchimento nas rondas intencionais da enfermagem. Palavras-chaves: Ronda Intencional da Enfermagem. Prontuário Eletrônico. Processamento de Linguagem Natural. Reconhecimento de Fala.